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terça-feira, 16 de novembro de 2010

LEVANDO SEGURANÇA REALMENTE A SÉRIO

 Independentemente dos discursos políticos que buscam atrair para seus autores os louros pela fase relativamente tranqüila que atravessa nossa economia, é fato que os tomadores de serviço da Segurança Privada são grandes responsáveis por tais resultados, senão pela pujança econômica, ainda aquém da que gostaríamos, pelo menos, pelo fato de que não mergulhamos em crises severas como a que atingem diversos outros países.
De uma forma ou de outra, quem produz ou administra geração de riqueza sempre é alvo das ações violentas da criminalidade e por isso necessita de proteção constante. Quer na indústria, no comércio ou mesmo no agro-negócio, a salvaguarda de uma empresa ou instituição vai requerer um estudo pormenorizado, o qual, dentre outros fatores, vai levar em consideração a natureza das atividades a serem desenvolvidas, o valor das matérias-primas, dos equipamentos e dos produtos, o grau de sensibilidade das informações e tecnologias envolvidas, o perfil dos funcionários, do público visitante, características físicas da planta bem como o local onde a empresa está instalada (sua topografia, vizinhanças e o histórico de ações delituosas naquela área), o que se espera enfrentar (do ponto de vista das ações criminosas previsíveis) etc.
A partir dessa análise se estabelecerá quais as medidas de proteção necessárias, considerando-se sempre que a implementação das referidas medidas deve se inserir nas premissas de custo/benefício da instituição. A adoção dos recursos de segurança, sejam eles sistemas ou dispositivos, requerem um minucioso estudo dos riscos. Um processo de identificação e classificação desses riscos permit hierarquizar as prioridades de segurança da instituição. Desta forma, aloca-se a maior quantidade de recursos às áreas onde a materialização dos riscos poderá ser mais danosa. Não se trata de algo simples; aliás a boa execução de tais planejamentos no Brasil é uma arte, pois sempre buscamos conseguir o melhor resultado de programas que às vezes sequer se constituem no mínimo necessário à proteção de tais locais. O bom profissional precisa ser capaz  de dimensionar o emprego econômico dos recursos (sobretudo do pessoal), ser flexível e ter em mente a necessidade de que esse efetivo deverá estar capacitado para enfrentar emergências. É uma tarefa técnica, que requer experiência e que não poderia ser resumida num rápido conjunto de “dicas”.
Hoje vivemos no Brasil uma nova fase histórica no segmento da segurança. Realmente visualizamos uma sensível melhora qualitativa nos quadros de mão de obra e isso vem robustecendo a terceirização. É comum que, quando necessitamos de segurança, resolvamos contratar uma empresa especializada a fim de que ela coloque os homens armados para proteger a nossa instalação, porém há muita atividade que precede a instalação dos postos de segurança armada.
A vigilância é normalmente o item mais caro de um planejamento de segurança patrimonial e é um importante componente do sistema de segurança de qualquer local. A vigilância, nos termos da nossa legislação normativa, pode ser orgânica (quando é composta de funcionários da própria empresa ou instituição pública ou privada) ou contratada (quando os integrantes da guarda pertencem a uma empresa especializada). A terceirização dos efetivos de segurança é uma opção bastante válida, mas selecionar alguém a quem entregaremos a proteção direta de nossos bens ou entes queridos não significa que nos abstraiamos de pensar também na segurança deles.
Não se deve contratar qualquer “empresa” que nos bata à porta. Pelo disposto na nossa legislação, utilizar os serviços de uma empresa irregular ou clandestina pode acarretar graves problemas de responsabilização para o contratante. O contratante responde solidariamente se contrata uma segurança clandestina, responsabilizando-se também pelas falhas e excessos que seu pessoal comete. Além das certidões de nada consta que demonstrem a situação da empresa junto à Receita Federal e INSS, há documentações que atestam a regularidade de funcionamento dessa empresa frente ao Ministério da Justiça e que são indispensáveis a toda empresa de segurança legalmente constituída. Tais documentos são o Certificado de Segurança (expedido anualmente pela Superintendência Regional da Polícia Federal), a Autorização de Funcionamento da referida empresa (publicada no Diário Oficial da União) e o Certificado de Vistoria (também expedido anualmente pela Superintendência Regional da Polícia Federal).
Recentemente o sucesso de grupos de policiais e militares que trabalhando em suas folgas vem assumindo áreas anteriormente sob controle do tráfico de drogas faz com que, precipitadamente, se aponte essas milícias como uma solução efetiva e barata para o problema da Segurança Privada.
O principal benefício, além de reduzir o tráfico, o consumo de drogas e acabar com os tiroteios resultantes do enfrentamento da polícia e com as quadrilhas rivais, seria, como os policiais atuam nesse segundo emprego à paisana nas horas de folga, que o policiamento fardado em serviço lhes apoiaria e vice-versa.
O apelo de pacificação e de relativa segurança acaba fazendo com que uma expressiva parcela da sociedade aclame tais grupos como solução em face do Estado omisso ou vacilante; porém não sem que assumamos sérios riscos. Hoje está mais do que claro que ninguém está se arriscando por altruísmo e o serviço, bem remunerado, é custeado por “contribuições” obrigatórias dos moradores, comerciantes bem como pela “taxação” de alguns negócios como o transporte alternativo (vans, kombis e moto-táxi), a venda de botijões de gás e a TV à cabo clandestina.
A atuação desses grupos ainda suscita muitas considerações na medida que, para proporcionar uma desejada sensação de segurança, eles descumprem a mesma lei que alegam preservar, recebem dinheiro de atividades ilegais, atuam de forma arbitrária, e ainda comprometem estruturalmente as instituições policiais que tolerariam esse tipo de segurança clandestina e ao mesmo tempo disciplinam outros com excepcional rigor. No futuro, a complacência com as transgressões ou os excessos desses grupos ainda podem nos causar grandes dores de cabeça. Os mais velhos e sábios diriam que “estamos criando cobras...”!
Nos dias de hoje precisamos buscar profissionais em quem possamos confiar. Não faltam exemplos de instituições que foram roubadas ou mortas com a conivência daqueles que eram pagos para protegêlas.
Porém, maus profissionais se infiltram em todas as categorias; e a existência de padres pedófilos, pastores que se aproveitam da boa fé dos fiéis, advogados desonestos, juízes venais, médicos irresponsáveis e políticos corruptos apenas denota que devemos ter bastante cuidado com aqueles que nós contratamos. Uma empresa idônea e regularmente constituída sempre será mais confiável do que aquela “de fundo de quintal”, clandestina, a qual não apresenta rigor na seleção e na fiscalização dos efetivos que emprega. Surpreendentemente há mesmo quem advogue a favor de contar com a proteção dos próprios bandidos. Esquecem-se esses teóricos que a criminalidade está no seu papel que é o de atacar onde e quando houver fraqueza, e que não se pode esperar dos fora-da-lei respeito, complacência ou dignidade. Estamos tão acostumados em fazer acordos e capitular ante as normas do crime que recentemente uma equipe cinematográfica teve roubadas uma grande quantidade de armas (convertidas, incapazes de disparar) e réplicas de armas, quando filmava numa favela do Rio. Uma vez que é difícil a diferenciação visual entre tais armas roubadas e as armas capazes de efetuar disparos reais, dever-se-ia ter pensado um esquema especial para guarnecer tal carga, solicitando inclusive escolta policial para esse valioso butim. Tal fato só não ocorreu pois a produtora cinematográfica declarou ter feito uma doação à associação de moradores, a qual garantira salvo conduto para a realização dos trabalhos da equipe de gravação. Para nós pode ser absurdo pensar que a segurança desse material – o qual pode e está sendo empregado em ações criminosas por aí – houvesse sido relaxada, por confiar na “proteção” representada pela palavra dos bandidos. Infelizmente, embora as investigações policiais apontem que tais armas foram roubadas com o auxílio de criminosos daquele mesmo local, é fato que tais “acordos”, hoje em dia, ainda são uma realidade.
Um conselho bastante válido é o de checar os antecedentes criminais dos prestadores de serviço terceirizados da segurança, bem como guardar uma ficha com dados cadastrais e foto de todo o pessoal posto ao seu serviço. Alguém poderá questionar tal medida, classificando-a como excesso de cautela, mas lembre-se da máxima que “o que abunda não prejudica”. Após constatar a idoneidade da empresa, é chegado o momento de apresentar-lhe o serviço. Uma empresa séria certamente fará uma avaliação do serviço proposto, evidenciará riscos e vulnerabilidades
e muitas vezes declinará de aceitar o serviço nos moldes apresentados pelo contratante se não houver um mínimo de condições para que seus homens realizem aquilo que é o desejo do cliente. Lembre-se sempre de que a contratação de uma empresa de segurança não pode ser confundida com a contratação de um seguro! Inicialmente, dentro de uma simplificadíssima metodologia, deve-se analisar os riscos que a instalação está sujeita, analisar sua área perimetral, seus acessos, fluxo de público e aí dimensionar o efetivo de vigilantes que se faz necessário. O quantitativo de guardas (armados ou não) não é sugerido “de orelhada” ou no “achismo”. Como que na sua segurança individual haveremos de fazer perguntas como: Que tipo de ocorrências adversas podem se processar aqui? Quais as tarefas que, esperamos,
sejam desempenhadas pelos elementos da segurança? Os profissionais e a sua respectiva empresa de segurança estão cientes daquilo que esperamos dos guardas? Qual o melhor posicionamento para o pessoal de segurança, a fim de que cumpram aquilo que deles esperamos? Existem rotinas escritas de segurança? Todos na instalação- pessoal de segurança e demais funcionários - estão cientes das rotinas de segurança? Fazemos um acompanhamento da crônica das ações criminosas a fim de nos precavermos de ocorrências tentadas contra instituições ou instalações semelhantes e atualizamos nossos planejamentos em face disso?...
É comum que empresas especializadas ofereçam aos contratantes a confecção de um plano de segurança como um diferencial de seus serviços. Embora normalmente a terminologia empregada seja a de Plano de Segurança, na realidade, ele é um plano que na maioria das vezes contempla apenas o controle de acessos, os meios mecânicos/eletrônicos de segurança e os serviços de guarda. Algumas empresas costumam adicionar a tal documento um breve estudo de vulnerabilidades e um conjunto de sugestões necessárias à melhoria das condições gerais de segurança; e se valem desse apêndice, com justa razão, quando são cobradas por ocasião da ocorrência de um sinistro, o qual, em face do conjunto de condições vigentes, não seria possível à segurança evitar. Um Plano de Segurança, na realidade, é um documento muitíssimo mais completo que normalmente deve ser baseado em diretrizes e normas que emanem da mais alta direção da instituição ou empresa.
Há contratantes que, buscando uma desejável isenção, costumam solicitar essa avaliação das condições de segurança/sugestões a um consultor especializado independente e se valem dessas informações para nortear a contratação do serviço terceirizado. Segurança hoje é uma prioridade de todo mundo. Porém a maneira com que se implementa essa segurança ainda não é a mais tecnicamente abalizada. Precisamos perceber sua necessidade, compreender seus mecanismos a fim de que possamos tentar nos por à salvo de toda a sorte de ocorrências adversas que a mídia nos mostra diariamente. Tudo, no entanto, começa na mente das pessoas que concentram maiores responsabilidades, ocupando cargos de alta direção. Nada acontece ou funciona sem o comprometimento do escalão superior. Se o empresário, executivo ou administrador não conhece suficientemente o assunto, ele precisa ser esclarecido por profissionais de segurança tecnicamente capazes e que lhe inspirem credibilidade para tal aconselhamento.
A segurança de uma instituição ou empresa é reflexo do entendimento e da prioridade que os mandatários dão à segurança daquele local. É algo muito maior do que simplesmente contratar um serviço de segurança; é a diferença entre uma segurança “de fachada” e uma outra efetiva, “que funciona”. Quantas seguranças existem hoje, feitas de improviso, sem qualquer planejamento? Talvez seja por isso que, na maioria das vezes, falhemos tanto na prevenção e ainda sofremos tantos prejuízos no enfrentamento das ações criminosas.
“Precisamos buscar profissionais em quem possamos confiar”

Vinícius Domingues Cavalcante é
profissional em segurança
internacionalmente certificado pela ASIS,
consultor especializado em planejamento,
normatização e treinamento de
profissionais, ministra cursos
e palestras sobre segurança
E-mail:vdcsecurity@hotmail.com




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