Garoto dava sinal aos traficantes quando a polícia se aproximava no Jundiaí-Mirim em troca de um marmitex
Aos 10 anos, um menino do Jardim Tamoio e que há semanas não aparece na escola, se tornou neste domingo (13), no bairro vizinho do Jundiaí-Mirim, o detido mais novo pela polícia de Jundiaí em sua história por envolvimento com o tráfico - ano passado, um outro garoto, de 11 anos, já havia sido flagrado ao trabalhar para os vendedores de drogas.
“Os traficantes estão apelando cada vez mais”, lamenta o guarda Silva Neto, que esteve à frente da operação da Guarda Municipal que tirou temporariamente o garoto das ruas.
O menino, que passou apenas algumas horas no Plantão Policial, até o aparecimento de sua família, o que lhe garantiu a liberdade, foi detido na avenida Antonio Raimundo de Oliveira, onde exercia a função de “pano” - aquele que avisa aos traficantes quando da aproximação da polícia.
A ação, que contou com Neto, Sant’Anna, Edison, Paulo, Anderson, Durval e Francisco, apreendeu 400 tubetes de cocaína, uma carga avaliada em R$ 4 mil.
O menino, que mora no Jardim Tamoio, disse que ganhava um marmitex dos traficantes pelo serviço. Ele contou ainda que não vai para a escola há “umas semanas” (ele é matriculado na Escola Estadual Barão de Jundiaí, na Colônia). “Tem um monte de dia que não vou para casa”, revelou, surpreendendo os policias.
O GM Silva Neto desabafou: “Normalmente, a idade dos garotos que trabalham para os traficantes é acima dos 13, 14 anos. É uma pena que crianças estejam sendo enganadas”.
O GM Silva Neto desabafou: “Normalmente, a idade dos garotos que trabalham para os traficantes é acima dos 13, 14 anos. É uma pena que crianças estejam sendo enganadas”.
O menino foi liberado para a família, que terá de dar explicações ao Conselho Tutelar. Há ameaça de perder a guarda.
Drama
O garoto diz que gosta mesmo é de jogar futebol, mas que começou a trabalhar na “biqueira” com a promessa dos traficantes de que ele seria o dono do ponto quando chegasse aos 15 anos. ”Aí dá muito dinheiro, né”. Ele revelou que já experimentou maconha.
O garoto diz que gosta mesmo é de jogar futebol, mas que começou a trabalhar na “biqueira” com a promessa dos traficantes de que ele seria o dono do ponto quando chegasse aos 15 anos. ”Aí dá muito dinheiro, né”. Ele revelou que já experimentou maconha.
A história da família do garoto é marcada pelo pai que matou um tio quando o menino detido ontem tinha quatro anos e fugiu depois disso. A mãe é diarista e o padastro, pedreiro. Ele tem mais seis irmãs.
Ação
Na semana passada, a GM havia feito uma apreensão de entorpecentes na mesma “biqueira”. Os GMs encontraram 630 tubetes de cocaína e detiveram um adolescente de 14 anos.
Na semana passada, a GM havia feito uma apreensão de entorpecentes na mesma “biqueira”. Os GMs encontraram 630 tubetes de cocaína e detiveram um adolescente de 14 anos.
Apreensão de menores envolvidos com drogas se torna uma rotina
Jundiaí passa a conviver com a rotina de menores detidos por envolvimento com o tráfico. Esse caso de ontem à tarde não é novidade no Jundiaí-Mirim, embora a idade do detido surpreenda.
No caso do garoto de 11 anos, detido em outubro do ano passado, ele traficava na Vila Nambi.
Jundiaí passa a conviver com a rotina de menores detidos por envolvimento com o tráfico. Esse caso de ontem à tarde não é novidade no Jundiaí-Mirim, embora a idade do detido surpreenda.
No caso do garoto de 11 anos, detido em outubro do ano passado, ele traficava na Vila Nambi.
Um outro flagrante que chamou a atenção ocorreu em outubro, com a apreensão de um adolescente de 15 anos que vendia crack, cocaína e maconha na Vila Marlene. Ele disse que ganhava R$ 100 por dia para repassar a droga. Na delegacia, sua mãe explicou que não tinha como “concorrer” com a oferta dos traficantes.
O último envolvimento de adolescente foi mostrado pelo BOM DIA em sua edição de terça-feira. Um garoto de 14 anos foi apreendido três vezes seguidas em menos de um mês, no Parque Centenário. Em todas, acabou liberado pelas autoridades policiais após um membro da família assinar um termo de responsabilidade.
Há algumas semanas, o delegado Seccional de Jundiaí, Ítalo Miranda Junior, disse ao BOM DIA que a cidade segue uma mesma tendência nacional. “A punição para adolescentes é branda e, por isso, os traficantes preferem usar os garotos.”
