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domingo, 13 de dezembro de 2009

Presidente da BHTrans admite desafios

Os 370 fiscais da BHTrans são insuficientes para coordenar a frota de 1,2 milhão de veículos que circula pela capital. Para coibir infrações como estacionamentos em fila dupla, carros em cima de passeios e faixas de pedestres, além dos cruzamentos fechados, que travam as principais vias da cidade, é indispensável um trabalho integrado com a Guarda Municipal e o Batalhão de Trânsito da Polícia Militar. A avaliação é do presidente da empresa municipal, Ramon Victor Cesar, que ontem concedeu entrevista exclusiva ao
Estado de Minas.

No calor da decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que desde quinta-feira proíbe os agentes de aplicar multas, ele ressalta que o caos nas ruas tem sido agravado pelos problemas provocados pela chuva, como o buraco aberto na Avenida Nossa Senhora do Carmo, na Região Centro-Sul. E nega que os agentes tenham se retirado das ruas em uma espécie de “greve branca”, depois da decisão judicial.

Além de fiscalizar os quatro cantos de Belo Horizonte, com atenção especial nesta época ao Centro e outras áreas comerciais, por causa da chegada do Natal, os agentes são responsáveis pela gerenciamento da rodoviária e demais estações, como a Diamante, no Barreiro, e Vilarinho, em Venda Nova. “Nenhuma cidade do mundo dá conta de ter em cada esquina um fiscal de trânsito. Tenho colocado que nós precisamos reforçar nosso papel de operadores do tráfego. Neste momento, estamos fazendo uma operação importante na Nossa Senhora do Carmo e está acontecendo a Bienal do Automóvel na Expominas (no Bairro Gameleira, Região Oeste), sendo necessária uma operação especial em torno do espaço”, disse Cesar.

Apesar da decisão do STJ, ele afirma que os agentes continuarão nas ruas coibindo os motoristas infratores. “Manteremos a operação de reboque e estamos alocando três caminhões para esta finalidade, com 10 agentes na função. Sem poder multar, estamos trabalhando acompanhados de policiais militares, para que eles façam o registro.”

Embora admita estar atento à possibilidade de os agentes cruzarem os braços, em protesto diante da decisão judicial, o presidente da BHTrans garante que esse não foi o motivo da redução de fiscais nas ruas na quinta-feira, conforme constatou equipe do EM. “Garanto que isso não aconteceu. Foi uma série de acontecimentos que fez com que vivêssemos um dia de cão”, afirma, admitindo porém que durante certo período, enquanto eram repassadas novas instruções aos agentes, a fiscalização nas ruas foi prejudicada. E ele acrescenta: “O que vocês viram no trânsito provavelmente é o que veriam um mês atrás e corremos o risco de ver nos próximos 30 dias. Precisamos melhorar nossos procedimentos de fiscalização e as pessoas também precisam ser mais solidárias e engajadas”.



Confira o trechos da entrevista com Ramon Victor Cesar


Multas em rotativos

O Rotativo poderia ser um excelente negócio, mas, se ele fosse gerido como tal, nós seríamos incompetentes, pois o índice de inadimplência, em Belo Horizonte, é de 60%. No mundo, o padrão de inadimplência é de 30%. O Rotativo tem uma função democrática, de garantir o mínimo de tempo de estacionamento para todos. Temos 15 mil vagas na cidade e as pessoas não podem estacionar às 7h e sair às 19h.

Excessos

Concordo que há esta percepção por parte da sociedade. Mas há também um engano. Nosso corpo de fiscais é formado por 370 agentes e apenas 16 cuidam do Rotativo. É menos de 5% do grupo, que já é pouco para a cidade. Por isso é importante a participação da Guarda Municipal, do Batalhão de Trânsito, com quem temos uma parceria de 10 anos. Ele está vindo agora com força e efetivo maiores. Precisamos cuidar da transgressão das regras de estacionamento e a população precisa enxergar isso como um meio de liberar a fluidez da via.



Efetivo

Penso que se nós trabalharmos em conjunto, com cerca de 400 homens do Batalhão de Trânsito, 400 da BHTrans e se for possível agregar um contingente da Guarda Municipal, não estaremos no melhor dos mundos. Mas esses três efetivos, trabalhando de forma integrada, coordenada, ajuda bem. Mesmo assim, a cidade é muito grande. Se dividirmos 370 fiscais da BHTrans em três turnos, conseguimos colocar por turno 100 fiscais, que são de trânsito, transporte público, fiscalizam as estações BHBus Vilarinho, Venda Nova e Barreiro, fazem a ronda no entorno da rodoviária, da Praça Sete… Hoje mesmo há um buraco na Avenida Nossa Senhora do Carmo, imenso, que vai ficando cada vez maior. Uma equipe nossa está dedicada a esse problema.

Educar e punir

O problema de trânsito não se resolve só educando. Na escola de engenharia, aprendemos que trânsito se baseia em três pilares: educação, engenharia e policiamento. Acho que sem esses três pilares a solução será sempre incompleta. Na BHTrans, temos feito um esforço de orientação aos nossos fiscais e técnicos para priorizar a orientação. Mas há também um papel de policiamento e é ele que causa má impressão. Uma coisa que as empresas de ônibus estão fazendo neste momento é um grande programa de treinamento para os motoristas, um compromisso contratual com a BHTrans, enquanto poder concedente. As empresas contrataram uma consultoria, que está formatando este programa, e trabalham com os 15 mil motoristas empregados neste sistema como multiplicadores. Quanto aos táxis, eles também podem nos ajudar.

Dupla de fiscais

Se o fiscal andar sozinho, corre o risco de apanhar. De vez em quando, há agentes que arrumam briga, mas eu tenho muitos funcionários que apanham na rua. E apanham de gente importante. O ataque não é só verbal, muitas vezes é físico. Às vezes, na pressão do dia a dia, no calor da cidade, o fiscal da BHTrans também excede. E, quando isso acontece e é comprovado, nós mandamos para a corregedoria, podendo ocorrer demissão.

Arrogância de agentes

Nós recebemos reclamações. É um conjunto de coisas: tem a arrogância de alguns profissionais e uma percepção equivocada da população sobre o papel da BHTrans. Estamos tentando identificar isso e contratamos uma consultoria de imagem. Quando nos chega uma reclamação formal, ela é processada e abre-se sindicância, que muitas vezes é passada para a corregedoria da prefeitura. Temos servidores respondendo a sindicâncias e cumprindo várias penas previstas no estatuto.

Flanelinhas

Não temos relacionamento com flanelinhas. Pelo contrário, nossos profissionais têm até uma dificuldade e receio de aproximação, pois sabemos que em alguns casos é um negócio de risco. Mas não há tolerância. Não tenho gente suficiente para fiscalizar tudo. Uma das necessidades de os agente andarem em dupla é por causa da possibilidade de embate. Temos na cidade mais flanelinhas do que agentes para trabalhar.

Promessa

Além da fiscalização, a BHTrans tem muitas atribuições e estamos envolvidos em grandes projetos de mobilidade para a Copa do Mundo’2014. Para melhorar a fiscalização, temos que, de fato, e cada vez mais, capacitar nosso profissional, precisamos da colaboração da Guarda Municipal e da Polícia Militar. É o que chamamos de unidade integrada de trânsito, os três segmentos trabalhando orientados pela engenharia e educação, que dão força para uma fiscalização mais qualificada. É possível fazer uma sinergia entre tudo isso. Se a situação judicial que impede os agentes municipais de multar prevalecer, essa sinergia será fatalmente comprometida, mas tenho confiança de que a prefeitura sairá vitoriosa dessas batalhas
fonte: Ernesto Braga/Estado de Minas/www.uai.com.br
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