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sábado, 9 de junho de 2012

Pré candidatos e as Guardas Municipais

Villaverde: As pessoas estão com muito medo

Saúde, mobilidade urbana e segurança pública são os temas prioritários que deverão ser tratados pelo representante do PT
Crítico da atual administração, Villaverde diz que falta a ela articulação política  / Divulgação 
O deputado estadual Adão Villaverde (PT) tem um enorme desafio pela frente: levar o seu partido, que já governou Porto Alegre por quatro mandatos consecutivos, entre os anos 1980 e 1990, de volta ao Paço Municipal.

Não será fácil, já que as pesquisas sequer colocam a outrora sigla política mais forte da capital no segundo turno da disputa. Villaverde é o primeiro pré-candidato das eleições de outubro a conversar com o Metro, que apresentará outros postulantes ao cargo nas próximas segundas-feiras.
Por que o senhor quer disputar a prefeitura de Porto Alegre?
Porque nós, no PT, temos a experiência de ter governado Porto Alegre durante 16 anos, temos quadros e gestores públicos qualificados e temos um projeto que está sendo estruturado a partir de contatos diretos com as comunidades, em visitas que estamos intensificando a partir de agora.
O que essas comunidades têm reclamado ao senhor?
As principais questões levantadas vão desde uma baixa capacidade de resposta da atual administração pública em relação aos serviços imediatos – como pavimentação, saneamento, recolhimento de resíduos – até os serviços mais estruturantes, entre eles saúde, segurança pública, habitação, água. Detectamos também um número muito grande de vilas irregulares na cidade, o que é sinônimo igualmente de falta de serviços básicos nesses locais. Com mais ênfase, os principais problemas apontados pela população se referem à saúde, mobilidade urbana e segurança pública. Notamos que as pessoas estão com muito medo na cidade. Em qualquer bairro.
O senhor considera a segurança pública uma responsabilidade municipal? Tem projetos para essa área?
Vamos tratar o problema a partir de outro paradigma. Mesmo que do ponto de vista do financiamento a responsabilidade não seja da prefeitura, nós entendemos que o município tem que atuar, seja reforçando a guarda municipal ou até a iluminação pública, seja articulando as forças de segurança para combater o aumento da violência. É possível coordenar as ações da Guarda Municipal, da Polícia Civil, da Brigada, as inteligências dessas forças. O prefeito pode fazer isso, basta ter vontade política.
O senhor defende uma alteração no papel da Guarda Municipal?
Sim, defendo. Uma das suas funções, por exemplo, é dar segurança aos estudantes da rede municipal. Essa política nunca foi implementada. Por quê? Por falta de articulação política, por falta de vontade política.
Essa mudança inclui policiamento ostensivo e armamento?
Continua como força especial de guarda de patrimônio, mas pode, ali na frente das escolas, estar presente para proteger os alunos. Acredito que deva ir além da sua função atual. O foco da Guarda Municipal deve ser as pessoas, não só os prédios.

Armada?

Não, armada não. Vejo a Guarda Municipal apenas como uma força de apoio. Porque é melhor ter a Guarda Municipal ali do que não ter ninguém, não é? Ela aciona quem está armado, ela aciona quem tem as tarefas e as responsabilidades de fazer a segurança pública.
Haveria efetivo para isso?

Acho que hoje não tem, mas se essa política for implementada não vejo problema em aumentar os efetivos da Guarda Municipal. Pelo contrário. Para a segurança, a prefeitura tem que colocar até recursos seus, orçamentários, se isso for necessário.
Na área da saúde, o senhor concorda com a criação do Imesf?
O PSF (Programa de Saúde da Família) precisa ser ampliado e precisa, é claro, funcionar. Hoje infelizmente não funciona. A estrutura legal definida pelo governo atual é essa, mas nós temos uma visão diferente. É claro que não vamos interromper nada só porque temos uma divergência. Não haverá solução de continuidade. Mas eu acredito que a fundação deveria ser pública, e não privada como está aí. A estrutura também está muito aquém da que poderia ser porque não contratou bem. Acho que o primeiro passo para resolver a questão da saúde em Porto Alegre deveria ser o cadastramento de todos os usuários do SUS na cidade. Todos deveriam ter cartão magnético. Isso não existe hoje. Os postos de saúde não funcionam bem, não há informatização, as UPAs não foram implementadas e a estrutura de atendimento, com isso, pula para as emergências dos hospitais privados, que estão abarrotadas. Vemos isso todos os dias. É preciso resolver o problema da saúde com mais investimentos na ponta, na prevenção da doença, e não só no tratamento.
Na sua opinião, a cidade terá condições, daqui a dois anos, de receber jogos de uma Copa do Mundo?
Olha, será preciso fazer todo o esforço de gestão e de projetos, inclusive com os organismos financiadores, para colocar as obras no calendário correto. Praticamente só as obras privadas estão operando neste momento, o que não pode acontecer. A Copa passa, mas a cidade continua. Temos que tirar todos os dividendos possíveis desse evento.

O senhor diria que está preocupado, já que o prefeito que será eleito em outubro herdará esse compromisso?

Eu assumo o compromisso de que Porto Alegre tem condições de realizar a Copa, sim. Agora, vai precisar de muito esforço de gestão e capacidade para executar um conjunto de obras que está absolutamente atrasado. Pode até chegar em um determinado momento em que isso comprometa, de fato, a realização.
O senhor tem esse receio?
Neste momento, tem plenas condições de realizar. Mas há uma perda enorme de tempo em relação ao calendário, disso não há dúvida. Espero que isso não ocorra, farei todo o possível para que não ocorra. Mas, pela minha experiência como engenheiro, teremos que acelerar muito para cumprir o calendário.

O senhor acha que a cidade vai tirar o máximo proveito da Copa do Mundo?

Acho que faltaram iniciativas para pensar em mais obras para a cidade, em função do evento. E também para preparar as pessoas. Já tivemos grandes eventos mundiais aqui, como o Fórum Social, e a gente sabe que, se produzi-los bem, a cidade vira referência, acaba ganhando muito com isso.
Como engenheiro, o senhor avalia de que forma o projeto do metrô de Porto Alegre?
É muito importante o metrô, mas eu preferia dizer que, tanto do ponto de vista da mobilidade urbana quanto do desenvolvimento urbanístico da cidade, Porto Alegre tem que ser repensada.
O senhor acha que o metrô vai sair mesmo ou corre o risco de se tornar um projeto incompleto?
Veja bem, há mais de seis meses a presidenta Dilma anunciou o metrô de Porto Alegre e disse, com todas as letras, que a empresa que cuidaria do projeto não seria pública, e sim de propósito específico. Até hoje essa EPE não foi formatada. A cidade não pode perder oportunidades quando tem o projeto, quando tem recursos, mas aí enfrenta problemas na formatação da engenharia institucional. São essas coisas que o PT entende que tem capacidade de fazer.
Mas, na sua opinião, o metrô é uma solução?
Veja bem, temos que enfrentar as questões de hoje, tomar as medidas imediatas para resolver os problemas pontuais da cidade, mas ela também precisa ser descentralizada, reterritorializada. Para isso, precisa, por exemplo, aprofundar uma obra que foi interrompida, que é a Terceira Perimetral. As intervenções que garantiriam fluxo e rapidez para a Perimetral não foram feitas. É preciso pensar, quem sabe, numa Quarta Perimetral. E pensar também o conjunto dos modais de transporte que teremos pela frente: metrô e aeromóvel, que tem inteligência e tecnologia local, ou BRT, seja por ônibus ou por trem. Temos que qualificar o sistema de transporte público, principalmente as linhas que não são atendidas pela Carris. Aumentar o sistema de lotações e os táxis, além das ciclovias. Do centro até os campi da UFRGS e da PUC, por exemplo, devem circular mais de 50 mil alunos por dia.
Quantos carros poderiam ser tirados da Ipiranga e da Bento Gon- çalves com uma ciclovia qualificada naquelas avenidas?
Se qualifica o sistema, o carro passa a ser usado só para lazer, no fim de semana. Mas isso só acontece quando a gente vê passar um ônibus altamente equipado ao nosso lado, enquanto estamos parados num engarrafamento. Quando ficamos com inveja desse ônibus rápido e qualificado.
A Terceira Perimetral, concluída no governo do PT, não funciona, então?
Não diria isso. Ela passa por 14 bairros, mas não tem as obras de arte, os viadutos, que lhe garantam bom fluxo de trânsito. É insuficiente. Precisamos de alternativas, como um corredor de transporte da zona sul à zona norte pelo Guaíba, por exemplo. Ligado ao metrô e ao aeromóvel, que leva até o aeroporto. Esse trajeto poderia ser cumprido em 30 minutos, com certeza. Eu já levei mais de duas horas para fazer esse mesmo trecho de carro.
Por onde passaria essa Quarta Perimetral?
Ela pode ser mais ao leste que a atual, por trás da Terceira Perimetral, ligando outros bairros que hoje dependem do centro para transporte, compras, serviços. Mas tem de estar integrada ao projeto do metrô, à segunda fase do metrô que fechará a alça central de Porto Alegre. A verdade é que tem muita cidade que ficou de fora desse traçado. Isso não pode.
Como descentralizar se a oferta de serviços é naturalmente maior no centro?
Por onde passam os modais de transporte ou mesmo as perimetrais, é preciso criar centros de bairros com toda a infraestrutura necessária para a população local.
A prefeitura, numa eventual gestão sua, poderia incentivar isso de alguma forma?
Um centro se cria se há escola, saúde, creches. Se há oferta de serviços. Esses são instrumentos do Estado, ou seja, da prefeitura, que também pode incentivar a instalação de atividades econômicas, pode criar um ambiente propício a isso. Por exemplo: há um plano diretor para as estações do metrô que estão projetadas? Pelo que eu saiba, não tem. Para mim, onde tiver uma estação de metrô o local tem que se transformar num centro de bairro. Se apenas entregar o metrô para uma empresa fazer, vamos ter só um buraco com aquelas saídas para a rua que nem túnel de campo de futebol. Não é o Villaverde que está dizendo isso. Historicamente, todo mundo sabe que o que ancora o desenvolvimento é a chegada da infraestrutura. Tudo isso precisa ser planejado. O grande desafio é esse: planejar.
As pesquisas, de maneira geral, não são muito otimistas com seu desempenho eleitoral. Como o senhor pretende fazer para chegar ao segundo turno?
Nós chegaremos no segundo turno com propostas inovadoras e ousadas. De resposta às questões mais imediatas da cidade. Temos força político-partidária para isso e estamos constituindo um bloco de alianças importante. E porque estou convencido de que estou preparado para governar Porto Alegre.
Quais inovações administrativas o senhor vai propor?
Uma possível reflexão que estamos fazendo é a implantação de subprefeituras em Porto Alegre. Ainda não é uma proposta. Só um bom diagnóstico pode determinar isso, e não o inverso. Temos que ver onde estão os estrangulamentos dos serviços, por exemplo. Mas é uma sugestão que está sendo analisada.

Como o senhor avalia o atual cenário eleitoral de Porto Alegre?

Entendemos que a eleição será de longo curso. Não é uma corrida de cem metros, é uma maratona. Acho que, nesse cenário, vamos crescer e ganhar corpo a partir das nossas propostas e das relações sociais que o PT mantém em Porto Alegre. Estamos trabalhando desde fevereiro. Nesta eleição o PT está distante de seus aliados históricos, como PSB e PC do B.
Como a sua candidatura pretende romper com esse isolamento?
Nós vamos disputar nos projetos, no conteúdo, nas ideias. Pretendemos recuperar a nossa tradição de participação popular, evidentemente usando os meios virtuais que existem hoje. Queremos uma cidade sustentável e inovadora. Porto Alegre está marcando passo, está perdendo o melhor momento para crescer e se desenvolver. Vamos mudar isso, certamente.
Há pressão para que o PT apoie o PC do B em outubro, em Porto Alegre. Há alguma hipótese de sua candidatura não seguir até o ?m?
A candidatura foi tirada pela unanimidade do partido em Porto Alegre, portanto é uma candidatura de todo o PT. Tenho apoio das direções estadual e nacional também. Neste momento, não há essa possibilidade.

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