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quinta-feira, 22 de julho de 2010

Polícia pede a prisão de 4 agentes da Guarda por morte

Rodrigo de Oliveira Gomes, 28 anos, morto por um guarda municipal no mês passado, não estava armado. E a cena do crime, ocorrido em Goiabeiras, Vitória, foi fraudada com a inclusão de uma arma que não existia.
Essa foi a conclusão do inquérito policial que resultou, ontem, no pedido de prisão preventiva à Justiça do autor dos disparos, o agente Israel Becker Martins, e de outros três membros da Guarda Municipal. Eles foram acusados de homicídio, falsidade ideológica e fraude processual.O pedido de prisão atinge os guardas Marçal Borges de Oliveira e Marcos Novaes Carlos Silva, que estavam com Becker na noite do crime, e o inspetor da Guarda Municipal Welington Carlos Corrêa, que respondia pelo trabalho dos agentes.
O inquérito, revela que, quando seguiam para atender a uma ocorrência no bairro Maria Ortiz, os três guardas "resolveram agir por conta própria", após terem visto Rodrigo "em atitude suspeita". Às 19h40, horário de grande movimento na Avenida Fernando Ferrari, fizeram a abordagem da vítima.Rodrigo, ao tentar escapar, chegou a se refugiar num ônibus. Borges relata ter sacado sua arma nesse momento, para conter Rodrigo. "Isso ocorre no ônibus, uma temeridade. Imagina o pânico, se tivesse havido um disparo", diz o delegado Fabrício Dutra, da Delegacia de Inquéritos Especiais (Diesp).Ao fugir do ônibus, Rodrigo ficou frente a frente com Becker, e foi atingido por um tiro no pescoço. Socorrido pelos agentes, morreu no Hospital São Lucas.
As investigações, concluídas ontem, foram marcadas por versões contraditórias dos agentes envolvidos no homicídio. "Mas o resultado mostrou que os agentes mentiram e agiram com desonestidade", diz Dutra. Num primeiro momento, Becker informou que agiu em legítima defesa, pois a vítima estava armada. Depois, disse que Rodrigo não estava armado, e que prestou as informações por orientação de seu inspetor, sob a ameaça de demissão, tudo confirmado por seus colegas.Para Dutra, as contradições só confirmavam o que as testemunhas e as imagens de câmeras do local sinalizavam: o jovem não estava armado.
A isso se juntaram os e-mails trocados entre Becker e seu supervisor, com orientações sobre a forma como deveriam relatar a ocorrência. Becker foi acusado pelo homicídio. Ele e Novaes vão ainda responder por falsidade ideológica ao mentir no boletim de ocorrência e por produzir um auto de resistência (documento que informa que o disparo foi por reação da vítima), que nunca ocorreu. Todos, incluindo Corrêa, são acusados, ainda, de modificar a cena do crime. "Eles (os agentes e o inspetor) esquematizavam sobre como alterariam os documentos com a narrativa dos fatos, para entregá-los à Corregedoria da Guarda. O intuito era enganar a Justiça"Fabrício Dutra , Delegado
Como tudo aconteceu
Morte
Na noite do dia 30 de junho deste ano, o guarda municipal Israel Becker Martins matou o jovem Rodrigo de Oliveira Gomes, 28 (foto), com um tiro no pescoço, próximo a um supermercado, em Goiabeiras. A vítima foi socorrida pela equipe da Guarda Municipal, formada também por Marcos Silva e Marçal Oliveira, e levada para o Hospital São Lucas, onde morreu. Na mesma noite, Becker disse à polícia que reagiu após a vítima tê-lo agredido com uma garrafa, e apontado uma arma em sua direção. A família de Rodrigo contestou, alegando que o jovem não possuía arma.
Sem ameaça
No dia seguinte, testemunhas revelaram à polícia que Rodrigo - morto pelo guarda municipal - foi atingido ao erguer os braços, exibindo em uma das mãos uma sacola, na qual levava uma garrafa. Garantiram que ele não apontou uma arma para Becker.
Câmeras
Imagens registradas na noite do crime reforçaram os relatos de que a vítima - Rodrigo Gomes - não teria agredido o agente, nem estava armada. As gravações, analisadas pela polícia, foram obtidas em estabelecimentos comerciais localizados nas imediações da Praça de Goiabeiras, onde houve o homicídio
Mudança
Em novo depoimento à polícia, o guarda Israel Becker mudou sua versão do crime. Negou que a vítima estivesse armada. Afirmou, ainda, que o depoimento anterior tinha sido feito a partir da orientação de um coordenador da Guarda Municipal, e que foi obrigado a confirmar ou seria demitido. As novas declarações foram feitas oito dias após o crime
Conclusão
A Polícia Civil concluiu que Rodrigo não estava armado na noite do crime. A arma teria sido plantada pelos agentes municipais e apresentada na delegacia. O inquérito aponta ainda que os três agentes fraudaram documentos oficiais, com orientações do inspetor da Guarda Municipal Wellington Carlos Corrêa. A prisão preventiva de todos foi solicitada à Justiça
Prefeitura afasta inspetor do trabalho
A Secretaria de Segurança Urbana da Prefeitura de Vitória afastou do trabalho, na noite de ontem, o inspetor da Guarda Municipal Welington Carlos Corrêa. Ele é um dos indiciados pela Polícia Civil no inquérito que apura o homicídio de Rodrigo de Oliveira Gomes. "Ele perde o cargo de confiança, e vai ficar afastado até que seja concluída a sindicância aberta pela Guarda Municipal", disse o secretário em exercício, Alcemir Pantaleão Sobrinho.Se a prisão preventiva for acatada pela Justiça, Corrêa deve sofrer suspensão provisória, e pode perder um terço de seu salário. O mesmo deverá ocorrer com os guardas Israel Becker Martins, Marçal Borges de Oliveira e Marcos Novaes Carlos Silva, já afastados do trabalho.Enquanto aguarda uma cópia do inquérito policial, a Corregedoria da Guarda continua colhendo depoimentos de todos os envolvidos no crime. Não há prazo para a conclusão dos trabalhos. Na última semana, foi ouvido o depoimento de Borges. Novaes apresentou um atestado médico para a sua ausência, e Becker não foi notificado.Corrêa deve ser o próximo a prestar depoimento. A conclusão da sindicância pode levar até a demissão dos quatro, explica o secretário.Pantaleão assinala ainda que, apesar da tragédia, a Guarda não deve passar por mudanças. "É lastimável o que ocorreu, mas foi um ato individual. O foco do nosso trabalho continuará na prevenção e no respeito à vida".
Os indiciados e os crimes
Israel Becker Martins (guarda municipal)HomicídioFalsidade ideológica: fraude do Boletim de Ocorrência e do Auto de ResistênciaFraude processual: alterou a cena do crime com a inserção de uma arma que não existiaPena: 30 anos de reclusão
Marcos Novaes Carlos Silva (guarda municipal)Falsidade ideológica: fraude do Boletim de Ocorrência e do Auto de ResistênciaFraude processual: alterou a cena do crime com a inserção de uma arma que não existiaPena: 9 anos de reclusão
Marçal Borges de Oliveira (guarda municipal)Fraude processual: alterou a cena do crime com a inserção de uma arma que não existiaPena: 4 anos de reclusão
Welington Carlos Corrêa (Inspetor da Guarda Municipal)Falsidade ideológica: fraude do Boletim de Ocorrência e do Auto de ResistênciaFraude processual: alterou a cena do crime com a inserção de uma arma que não existiaPena: 9 anos de reclusão
Família aliviada com fim do inquérito
Para a família de Rodrigo de Oliveira Gomes, foi um alívio a conclusão do inquérito policial com a confirmação de que o jovem não estava armado na noite em que foi morto por um agente da Guarda Municipal de Vitória. "A verdade foi revelada", desabafou, na noite de ontem, Neuzinete dos Santos, esposa da vítima.
Ela fez questão de afirmar que desde a noite do crime a família garantia que Rodrigo não andava armado, mas temia que a verdade nunca fosse revelada. "Mesmo com tantas testemunhas afirmando a mesma coisa, poucos acreditavam nisso", assinalou a esposa.
Em depoimentos iniciais, os guardas municipais envolvidos na morte de Rodrigo alegaram que a arma usada pela vítima teria sido encontrada quando o retiraram do carro, no hospital. Não se sabe a quem pertence o revólver, de calibre 32, apreendido pela polícia. Seu registro é o mesmo de uma espingarda.
Para o delegado Fabrício Dutra, que investiga o caso, a arma é antiga, por isso não consta dos registros que começaram a ser feitos a partir de 2004. Mas ele garante que não há dúvidas de que ela não estava com Rodrigo.
Para Neuzinete, a conclusão do inquérito e o pedido de indiciamento dos agentes da Guarda Municipal vão ajudar a superar a morte de Rodrigo. "É difícil superar a dor da perda de alguém querido, mas a verdade ajuda".
Ela prefere deixar nas mãos da Justiça a decisão sobre a prisão dos guardas municipais envolvidos no crime. "Acredito na Justiça. Ela vai saber o que fazer com as pessoas que tiraram a vida do meu marido. Não me cabe julgar ninguém".
Defesa diz que vai analisar inquérito
Outro lado
Oscar Becker , Advogado
Uma análise detalhada do inquérito concluído ontem pela Polícia Civil será feita esta semana por Oscar Becker. Ele é o advogado de Israel Becker Martins - que também é seu filho -, e de Marcos Novaes Carlos Silva e Marçal Borges de Oliveira. Os três foram indiciados pelo homicídio de Rodrigo de Oliveira Gomes, ocorrido no último dia 30. Ontem ele se recusou a comentar as conclusões apresentadas pela Polícia Civil. "Só vou apresentar qualquer manifestação após a leitura detalhada do inquérito", assinalou. Se recusou a comentar até mesmo a afirmação existente no inquérito de que os ferimentos apresentados por Becker seriam um reflexo dos cacos de vidro da garrafa, destruída pelo tiro que vitimou Rodrigo. O inspetor da Guarda Municipal Welington Carlos Corrêa, também indiciado no mesmo inquérito, não foi localizado para falar sobre o assunto.
Fonte:Jornal Gazetaonline
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