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terça-feira, 27 de julho de 2010

Formação policial em xeque

Para o especialista em segurança pública e conselheiro do O POVO, Vasco Furtado, a morte do adolescente revela a necessidade de avançar na formação da polícia. “Se eles (pai e filho, tidos como pessoas com comportamento suspeito) estivessem armados e ameaçando a Polícia, era compreensível que agissem com essa força. Se o disparo foi acidental, por que a arma estaria então voltada para a pessoa (adolescente)?”, questiona Furtado.

Ele ressalta que o Governo do Estado (Ceará), num cenário tão crítico de insegurança pública, tem sido muito pressionado com a necessidade de aumentar o efetivo, mas afirma que é arriscado formar uma turma numerosa de policiais num curto intervalo de tempo. “Isso pode resultar em cenas trágicas como essa. Você não consegue que uma quantidade tão grande de pessoas seja formada em tão pouco tempo com qualidade”, argumenta. Isso desafia a Polícia nacionalmente e todo mundo quer resolver o problema, ele diz.
Furtado reforça que o dia a dia dos policiais nas ruas é muito difícil e, por isso, a qualificação deve ser um processo intenso, com simulações, repetições de procedimentos, e isso tudo demanda muito tempo para ser assimilado. “Eu, normalmente, não me posiciono enfaticamente sobre os casos, prefiro saber primeiro como aconteceu. Mas esse caso realmente é muito trágico. É, infelizmente, uma coisa que todos nós torcemos para que não aconteça, mas a gente vê que acaba tendo possibilidade de ocorrer”.
A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) vai entrar no caso. Quem informa é o presidente da Comissão, o advogado Fernando Férrer (Lucinthya Gomes).
"Tiraram a vida de um inocente"
Bruce Cristian de Sousa Oliveira, de 14 anos, foi morto por um policial do Ronda do Quarteirão, ontem, durante uma abordagem considerada pela própria PM como desastrada. O menino foi atingido por um disparo de pistola na nunca, e morreu na hora

Francisco das Chagas de Oliveira Sousa, 37, estava há pelo menos meia hora abraçado ao corpo do filho, o adolescente Bruce Cristian de Sousa Oliveira, 14. Cristian estava morto, mas é como se o pai acreditasse que a morte é algo reversível. O menino havia sido baleado há pouco por Yuri Silveira, policial do programa Ronda do Quarteirão. O crime foi cometido no final da tarde de ontem, no cruzamento da avenida Desembargador Moreira com Padre Valdevino. Pai e filho voltavam para casa numa moto quando, segundo a Polícia Militar, teriam sido abordados por uma viatura.

Por acreditar que Francisco e Bruce parecessem suspeitos, e também porque não haviam parado a moto quando lhes fora pedido isso, o soldado Silveira, da turma de 2007 do programa e ainda em estágio probatório, disparou o tiro que atingiu a nuca de Cristian. Segundo Adriano de Oliveira, irmão de Francisco, o sobrinho sempre acompanhava o pai, que é técnico em manutenção de refrigeradores e havia saído de casa, em Maracanaú, antes do meio-dia. “Pelo horário, eles estavam voltando. Não sei se foi acidental ou proposital (o tiro que matou Cristian), não sei o que foi que houve”, fala. “Eles tiraram a vida de um inocente.”
De acordo com o major Océlio Alves, comandante da 1ª Companhia do 5º Batalhão, a viatura do Ronda do Quarteirão em que seguia o soldado Silveira havia feito a abordagem da moto pilotada por Francisco na rua Padre Valdevino. “Os dois vinham e, quando pediram pra parar, não pararam”, descreve. Para o major, o “procedimento (do Ronda) foi totalmente desastrado”. O comandante acrescenta: “O soldado irá responder por homicídio. Foi uma tragédia. A abordagem foi drástica”.
A Polícia Militar informou que o soldado Yuri Silveira foi encaminhado ao Batalhão de Polícia Comunitária, onde deverá permanecer enquanto durarem as investigações. A PM garante que Silveira se apresentou espontaneamente ao 2º Distrito Policial logo após o incidente. Antes, havia chamado uma ambulância do Samu para prestar assistência à vítima. O crime será apurado pela Polícia Civil.
Francisco foi obrigado a se desvencilhar do corpo do filho quando peritos criminais chegaram ao local. Ele se ergueu lentamente e caminhou até a calçada. Num canto de parede, deixou-se ficar. Sujo de sangue, foi limpo com toalhas e água por irmãs vicentinas da Casa Provincial das Filhas da Caridade, que haviam interrompido a rotina de orações quando ouviram um estampido bem alto: era o tiro que matou o menino.

DÚVIDAS

O que pode ser entendido como atitude suspeita para a Polícia?

Em uma abordagem policial é correto apontar a arma para a cabeça do suspeito?


Porque o pai não foi levado à delegacia se ele era tratado como suspeito durante a perseguição?


A viatura tem as gravações do que os policiais disseram pelo rádio?


Prédios residenciais e comerciais teriam gravações da cena do crime?


Ao parar no sinal vermelho, ao lado da moto, o mais correto não seria se posicionar a viatura interceptando a moto, em vez de o policial descer da viatura?


Fonte: Jornal O Povo
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