GUARDA MUNICIPAL ASSOCIE-SE

GUARDA MUNICIPAL ASSOCIE-SE
CLIQUE E ACESSE A FICHA DE INSCRIÇÃO

Seguidores

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Tiros de Realengo ainda repercutem em Volta Redonda



Volta Redonda
O massacre ocorrido no último dia 7 na Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro de Realengo, no Rio de Janeiro, não apenas provocou espanto e choque entre a população: agora, o medo de que um novo trágico evento como este, em que o ex-aluno da instituição Wellington Menezes de Oliveira assassinou doze crianças, passou a fazer parte do cotidiano de pais, alunos e professores em Volta Redonda, apesar das ações já promovidas na cidade tanto pelo governo municipal quanto pelas escolas.
Segundo o comandante da Guarda Municipal, major Luiz Henrique, a corporação já disponibiliza duas viaturas - cada uma com um policial militar acompanhando - para a patrulha escolar, além de seis motocicletas nas proximidades das escolas nos pontos mais críticos e em instituições com um grande número de alunos. Com a tragédia na capital carioca, o comandante também entrou em contato com as secretarias estadual e municipal de educação colocando a Guarda à disposição para quaisquer necessidades.
- Nós nos colocamos à disposição 24 horas por dia, também através do Ciosp (Centro Integrado de Operações de Segurança Pública). Sempre procuramos fazer um trabalho de prevenção, mas sabemos que situações como a ocorrida em Realengo são imprevisíveis - disse o major, destacando que no dia seguinte ao massacre foi encontrado um canivete com um aluno dentro de uma escola, graças à denúncia de um colega de turma.
- Essa situação [o crime no Rio] acendeu a luz vermelha para alunos, professores e escolas, mas em nenhum momento vamos tratar os estudantes como se fossem supostos bandidos - destacou.
Luiz Henrique lembrou ainda que o grande número de escolas no município é um desafio para a eficiência do serviço, mas que a corporação busca se aproximar dos alunos através de palestras e outros eventos. Ele destaca também o trabalho feito em parceria com a Polícia Militar, fundamental para a queda de ocorrências de brigas nas proximidades das instituições de ensino.

Preocupação constante
Diretora Geral do Instituto de Educação Manuel Marinho, Áurea Lino Passos Machado declarou que a escola, antigamente, teve diversos problemas com pessoas estranhas tentando entrar na instituição, mas que atualmente a situação ocorre raramente. Mesmo assim, o objetivo é diminuir a possibilidade de novos casos.
- Vamos ter uma nova entrada que dará acesso exclusivamente à secretaria, não permitindo o acesso ao restante da escola. Não é o melhor que se pode ter, mas vamos contribuir como podemos - afirmou.
Segundo Áurea, a Secretaria Estadual de Educação orientou as instituições a buscarem sempre o auxílio das forças de segurança; porém, ela salienta que, muitas vezes, é preciso lidar com o inesperado.
- O perigo é que esse crime acabe lançando moda, não temos como saber o que vai pela cabeça das pessoas - alertou, lembrando que os portões da escola sempre são fechados logo após o início das aulas.
E manter as pessoas indesejáveis além dos muros da instituição é tarefa do porteiro Osvaldo Francisco dos Santos, há 13 anos no Manuel Marinho. Zeloso em sua tarefa, ele sempre fecha os portões após a tolerância de dez minutos permitida pela instituição, para desespero dos alunos que por algum motivo perdem o horário.
- Existe também o problema de pais de alunos ou mesmo outras pessoas que querem entrar de qualquer jeito na escola, mas a entrada só é permitida após o conhecimento da pessoa em cujo setor eles querem ir - declarou Osvaldo, que permite a entrada dos alunos apenas na aula seguinte ou com a autorização da diretora.
Foi o caso, na última terça-feira, de alguns alunos do curso de magistério, que chegaram logo após o fechamento do portão. Após muita conversa, receberam a permissão para entrar, mas não sem reclamar do que chamaram de "excesso de zelo":
- Estão certos em fechar o portão para que gente estranha não entre, mas não é certo deixar a gente do lado de fora - protestou uma aluna do curso de Magistério, que pediu para não ser identificada.
O funcionário alerta, porém, que nem todas as escolas seguem esse procedimento.
-Tem colégio que deixa os portões abertos, entra e sai quem quiser - denunciou.

‘Situação inevitável'
Estudante de psicologia em um centro universitário em Barra Mansa, Amanda Ayres, de 21 anos, acredita que poderia haver um controle maior, mas que, de qualquer forma, certas situações são inevitáveis.
- Até mesmo um aluno da instituição pode cometer um ato idêntico ao que vimos na capital. Faculdade não é lugar disso, mas sempre tem pessoas que podem ter um comportamento fora dos padrões - acredita.
Segundo ela, o tema foi muito discutido em sala de aula:
- Esse crime teve bastante repercussão na turma, até por envolver questões que estudamos em nosso curso. Sempre existe alguma discussão quando ocorre algo do tipo. Sabemos que as pessoas são capazes de tudo, mas não perco o sono por causa disso - afirmou.

Preocupação de quem é mãe e professora
Irene Cristina da Silva Dias trabalha como pedagoga na Escola Municipal Goiás, no bairro Vila Rica-Três Poços, e, além de lidar com os alunos da instituição, também carrega consigo a preocupação com seus dois filhos: Artur, de 13 anos, e Amanda, que estuda na Universidade Federal de Juiz de Fora. Conforme disse, são situações difíceis de lidar.
- No dia do massacre ficamos em um estado de consternação, não consegui trabalhar. Foi um dia negro para a Educação do Brasil. Ele [Wellington] destruiu nosso castelo de areia, porque imaginamos que as crianças estarão seguras nas escolas. Nós já lidamos com diversos conflitos, mas isso foi traumatizante, expôs nossa fragilidade - desabafou.
Ela disse que, após a chacina, os funcionários da escola conversaram com as crianças para explicar não apenas o que aconteceu, mas também os motivos que levaram Wellington a assassinar os estudantes.
Para a pedagoga, é preciso aprender com o que aconteceu no Rio.


Fonte: Diário do Vale
Google Analytics Alternative