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domingo, 17 de abril de 2011

Não é para ganhar jogos de futebol "no grito" que Silvano foi eleito vereador, nem para cuidar de bobagens futebolísticas que lhe deram um mandato. Sua fala demonstra uma compreensão distorcida do que seja a função de um legislador
Que o vereador Antônio Carlos Silvano (PMDB), ou simplesmente Tonão, não é propriamente um lorde inglês no trato com as pessoas, todo leitor de jornal mais ou menos informado já deve ter percebido. No sexto mandato como legislador, Silvano é conhecido como um dos integrantes mais belicosos da Câmara de Sorocaba, muito embora a agressividade e a falta de tato nem sempre se traduzam em uma atuação combativa, no que se refere à cobrança e à fiscalização que todo vereador deveria exercer. 
Mas as sessões da Câmara, que é um espelho da sociedade e não exige curso de boas maneiras de seus integrantes, também não são amenas como um chá das cinco, e grande parte da incontinência verbal de alguns vereadores acaba sendo relevada, ou porque os boquirrotos se desculpam logo em seguida, ou porque o público compreende que, até um certo limite, perder a calma é algo compreensível no ambiente em que vivem, eternamente tensionado pelo jogo político e o atrito de opiniões. 
Mesmo com todos os descontos possíveis, é imperdoável o comportamento apresentado por Silvano na quinta-feira (14) à noite, fora do plenário da Câmara, quando acompanhava uma partida do time de futsal que leva seu nome e do qual é diretor. Depois de uma confusão com membros da Guarda Civil Municipal (GCM), chamada pelo árbitro para retirar de cena um integrante da comissão técnica de seu time que ofendia os árbitros, Silvano passou a xingar um dos guardas, taxando-o de "vagabundo" e confessando publicamente que praticaria um ato de abuso de poder, ao dizer que iria pedir ao prefeito Vitor Lippi (PSDB) a transferência do servidor. "Segunda-feira ele vai trabalhar no Habiteto", ameaçou ("Vereador ofende e intimida GCM após o jogo", 15/4, pág. D4). 
Enquanto seu time perdia na quadra do Ginásio Municipal de Esportes, Silvano perdia as estribeiras nas cadeiras, lembrando que foi um dos que votaram pela criação da GCM ("Se não, estava todo mundo procurando emprego") e afirmando, alto e bom som, que poderia não votar favoravelmente ao aumento da categoria, que está para ser apreciado na Câmara. "Vamos ver se vai passar os 17,5% (de reajuste salarial). Um b... daquele não merece aumento!" - disse.
A sexta-feira e o sábado passaram sem que o vereador esboçasse arrependimento. Como um dos redatores do Código de Ética da Câmara e integrante da Comissão Permanente de Ética e Decoro Parlamentar, era de se esperar que ele fizesse uma autocrítica - quem sabe, procurando ler o código que escreveu -, e viesse a público pedir desculpas aos GCMs e à população por usar seu mandato para xingar, ameaçar e intimidar um servidor público, que ali estava, como os demais companheiros, cumprindo seu dever profissional de garantir a segurança dos jogadores e torcedores. 
Não é para ganhar jogos de futebol "no grito" que Silvano foi eleito vereador, nem para cuidar de bobagens futebolísticas que lhe deram um mandato. Sua fala desastrada, além de demonstrar um preconceito insuportável para com o Habiteto (bairro já bastante penalizado pelas condições sociais, e que não pode carregar o estigma da violência que é, antes de tudo, um problema de toda a sociedade - inclusive dos vereadores), demonstra uma compreensão distorcida do que seja, verdadeiramente, a função de um legislador e, mais ainda, da dignidade com que deve ser exercida.
Se Silvano calou-se, não deve a Câmara silenciar, sob o risco de tornar-se, por complacência e omissão, credora da censura pública que, por enquanto, cabe apenas ao vereador.
Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul
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