O chefe de uma facção criminosa preso em Cosmópolis nesta quarta-feira (20) após investigação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) de Campinas alugava uma chácara para promover festas. Carlos Almeida Lima, conhecido como Nanico, é acusado de liderar uma quadrilha que ameaçava autoridades como o início de uma guerra a Guarda Municipal (GM), caso não “cooperassem com o crime”.
De acordo com o Ministério Público (MP), o lugar com piscina, churrasqueira e campo de futebol era utilizado para festas do chefe da facção e outros integrantes da quadrilha. Para o secretário de Segurança, Carlos Alexandre Braga, o local “significa um grande poder econômico [...] sem dúvida financiado pelo crime”.
Durante a operação do Gaeco e da Secretaria Municipal de Segurança outras cinco pessoas foram presas no bairro Chácara Santo Antônio.
Para o promotor Ricardo Shade as investigações sobre o caso continuam e as pessoas presas vão ser possivelmente denunciadas por tráfico e associação para a prática do tráfico, independentemente do envolvimento com a referida organização criminosa.
O menor de idade já foi liberado e a polícia ainda não informou para onde os outros presos foram encaminhados. A rua da Delegacia de Cosmópolis permanece bloqueada para passagem de carros e não há previsão para que seja liberada por medida de segurança e para evitar qualquer tipo de resgate.
Gravações
Uma gravação com uma conversa entre o chefe da quadrilha com o secretário de Segurança e o chefe da GM, liberada pelo Gaeco após dois meses de investigação, revela que os integrantes de uma quadrilha ameaçavam autoridades de Cosmópolis para “cooperarem com o crime”.
“Isso demonstra o sentimento de impunidade, sem qualquer receio ele vai perante a uma autoridade do município o secretário de segurança pública e fala abertamente sobre o envolvimento dele com a organização criminosa”, afirma o promotor Ricardo Shade.
No local em que o chefe da quadrilha foi preso, onde existem oito casas, todas de familiares e amigos era monitorada por câmeras de segurança. Nos fundos, foram encontrados um campo de “paintball” (esporte em que os integrantes simulam combate atirando com balas de tinta), que seria usado para treinamento dos integrantes da quadrilha.
Próximo ao terreno, a Polícia Militar e a GM também encontraram um laboratório de refino de droga, além de R$ 3 mil em dinheiro e documentos de contabilidade do tráfico. As equipes também descobriram um lugar com duas armas, maconha, cocaína e uma bomba caseira.
Ainda durante a operação foram apreendidos cinco automóveis, seis motos, 19 armas de paintball, dois revólveres, maconha, cocaína e uma bomba caseira.
As investigações começaram no início do ano, depois que o MP foi informado sobre as atividades de um grupo criminoso na cidade. O áudio com uma conversa entre um integrante da administração municipal de Cosmópolis e um criminoso conhecido como Nanico, gravada em 31 de março, revela as ameaças.
Veja trechos da gravação:
Secretário - Agora, esse negócio de ameaça. Porque a gente ta fazendo algumas apreensões. Duas pessoas diferentes vieram me falar isso.
Nanico - Certo.
Nanico - Inclusive um da polícia.
Nanico - Eu acho que eu não vô gastá dinheiro pra fazê um negócio desse. É o que eu falei. Eu sou homem. Se tiver que fazer alguma coisa eu faço. Nunca paguei ninguém pra fazê coisa pra mim. Nunca! Vô fala pro senhor. Que nem eu falei pro senhor. Se eu tiver alguma coisa com o senhor eu venho resolver. Eu não peço pra ninguém e não pago ninguém.
Nanico - Então, é como o senhor pensa comigo: -Ah! O Nanico manda em tudo. Não! Eu posso mandá. Só não tenho controle de todo mundo.
Secretário - Exatamente.
Nanico - Agora, se encostar a mão no meu filho, vou deixar bem ciente os dois. eu vou cobrar. Agora, não vou cobrar na lei. Sabe por que senhor? Porque eu acho que a lei não vai resolver nada.
Fonte: EPTV
