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sexta-feira, 18 de maio de 2012

RJ: Centro de Operações vira referência, mas precisa avançar

 
Conheça os bastidores do Centro de Operações Rio
O cérebro eletrônico faz tudo, comanda, manda e desmanda. A música de Gilberto Gil é de 1969, mas está mais do que nunca atual e pode ser um bom exemplo do que é ou que pretende ser o Centro de Operações Rio: o cérebro eletrônico da cidade. Criado em dezembro de 2010 pela Prefeitura do Rio, o centro reúne mais de 30 órgãos municipais, estaduais e concessionárias para tentar dar uma rápida resposta ao carioca aos problemas de trânsito, acidentes, chuvas, falta de energia elétrica e até mesmo dengue. O avanço na fiscalização e no controle, no entanto, ainda esbarra na morosidade em resolver boa parte dos problemas, indicam especialistas ouvidos pelo Terra.
"O investimento no Centro de Operações foi de cerca de R$ 16 milhões e tudo ficou de pé em tempo recorde, seis meses no máximo. Primeiro foi pensado algo apenas para chuvas, mas viu-se que o dia a dia também era importante, cuidar do trânsito e de outras coisas", disse Sávio Franco, chefe executivo do Centro de Operações Rio.
No mês de abril de 2010, uma enxurrada deixou o Rio num caos, obrigando o prefeito Eduardo Paes a pedir à população para que, naquela terça-feira, 6 de abril, ninguém saísse de casa. A cidade levou quase uma semana para se recuperar dos problemas. No dia 31 de dezembro do mesmo ano, o Centro de Operações era inaugurado prometendo evitar, no futuro, que o Rio sofresse da mesma forma. "Em menos de um ano e meio, viramos referência mundial. Existem pelo mundo centros muito específicos, sobre segurança ou transportes. Mas com tanta integração é algo inédito", afirma Franco.
Funcionando 24 horas por dia, sete dias por semana, com mais de 700 câmeras e radares monitorando toda cidade, o centro tem um aspecto futurista. Criado em parceria com a IBM o painel da sala de controle é formado por 80 monitores de 46 polegadas. No telão principal, são 60 camadas georeferenciadas com tecnologia Google (localização de escolas, hospitais, delegacias, quartéis da PM, por exemplo), que permitem identificar em segundos o local de um acidente, e dar um zoom que permita aos agentes buscar uma solução rápida para o fato: ou o envio de um carro da Guarda Municipal, ou da Polícia Militar, uma ambulância, um reboque para retirar os veículos envolvidos, ou simplesmenta atualizar os painéis da prefeitura espalhados pela cidade, informando quase em tempo real problemas, tempos de deslocamento entre pontos importantes e avisos de desvio de tráfego. "Mas a resposta ainda não é a ideal. Eles trabalham bem com a informação, mas precisam agilizar a resolução dos problemas com acidentes e mesmo com os congestionamentos normais do dia a dia", afirma o professor José Eugênio Leal, da PUC-RJ, especialista em engenharia de transportes.
Professor do Instutito Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ) e especialista em gerenciamento de riscos, o geógrafo Moacir Duarte diz que um centro como esse é indispensável para aliviar o cidadão e defende que é preciso tempo para que o funcionamento seja cada vez melhor. "Quando você compra um celular novo, moderno, é preciso tempo para você conhecer tudo o que ele te oferece em termos de funcionamento. Primeiro é preciso ter uma tecnologia e depois fazer com todos os órgãos envolvidos sejam bem treinados para usar isso bem" explica.
Na previsão do tempo, o centro tem o apoio de seis meteorologistas que se revezam 24 horas por dia analisando informações do radar adquirido pela prefeitura em 2012 e que tem a capacidade de detectar chuvas intensas num raio de 250 quilômetros, além de ter apoio de 33 estações pluviométricas espalhadas por toda cidade. O sistema de Previsão Meteorológica de Alta Resolução leva em conta dados da bacia hidrográfica, levantamento topográfico e histórico de chuvas para tentar prever, com até 48 horas de antecedência, a ocorrência de temporais. Franco diz que a prefeitura do Rio contribui com outros outros municípios próximos como Teresópolis, Petrópolis e Nova Friburgo, que nos últimos anos vem sofrendo muito com as chuvas. "Os nossos dados são públicos e estão à disposição para qualquer município que queira usar. Mas é preciso que exista, da parte deles, uma equipe dedicada a fazer com que essas informações sejam usadas da forma correta por eles", explica.
No total são mais de 400 profissionais divididos em 50 pessoas por turno, em média. Além da sala de controles, existe ainda uma sala de crise, para as situações mais emergenciais, ligadas à prefeitura e à residência oficial do prefeito. Além disso, o Centro de Operações Rio conta com um setor de comunicação que trabalha integrado com todos os outros órgãos. Quando há qualquer ocorrência confirmada, as informações são enviadas diretamente aos meios de comunicação e divulgadas também pelo Twitter, para um contato mais direto com a população. "Quem está na rua não tem o treinamento adequado para resolver um problema. Simplesmente é deslocado para o local do congestinamento ou acidente para resolver, mas não sabe como", sustenta o professor da PUC-RJ.
Sucessos e problemas
Apesar de ter menos de dois anos de operação, é possível determinar alguns casos de sucesso e de problemas enfrentados pelo Centro de Operações. No dia 25 de Fevereiro, as câmeras do centro registraram imediatamente a queda dos três prédios na rua 13 de maio no centro do Rio, o que permitiu a interdição da ruas em poucos minutos, além da mobilização de Defesa Civil, Polícia, Corpo de Bombeiros, Companhia Estadual de Gás (CEG) e da Light, fornecedora de energia elétrica, para atuarem no resgate de sobreviventes e retirada de escombros. "Não foi só questão de rapidez, mas a capacidade de acionar todo o aparato da prefeitura naquele momento. Algumas coisas foram feitas de forma precipitada naquela operação, mas nada foi culpa do centro de operações", aponta Duarte.
Em outro caso, no dia 5 de Abril, um motoqueiro fugiu de uma blitz da polícia na avenida Ayrton Senna, na Barra da Tijuca, foi atropelado e morreu. O trânsito da cidade deu um nó, e o corpo do motociclista demorou mais de quatro horas para ser retirado do local. O centro de operações entrou em ação, mas não conseguiu impedir que parte da cidade ficasse parada com reflexos em toda Zona Sul e centro. "Cada dia estamos aprendendo, melhorando e como isso faz parte do caderno do encargos para os Jogos Olímpicos, Copa do Mundo, Jornada Mundial da Juventude, com o tempo vamos estar mais maduros para sermos mais eficientes", promete Franco.
No dia 11 de abril, um caminhão tanque explodiu na auto-estrada Jacarepaguá, que liga as zonas oeste e norte da cidade. A via foi totalmente bloqueada e apesar dos avisos rápidos acionados, o trabalho demorou quase toda a tarde. "É preciso que tenham mecanismos mais atualizados para respostas rápidas. Talvez seja o caso de terem um helicóptero para que a perícia chegue ao local mais rápido. Mas isso tem que valer também para os pequenos acidentes, que ainda demoram muito para serem resolvidos", disse o professor Leal.
Duarte lembra que o modelo implantado pela prefeitura já está sendo seguido pelo governo do Estado do Rio, que prepara um centro estadual semelhante ao da capital e que chegou a ser destaque no jornal The New York Times em uma matéria sobre a Rio+20. "Não é um ente da prefeitura dentro de um lugar, mas é a própria mão da prefeitura", diz o especialista da Coppe-UFRJ.
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