VIDA DE GUARDA

Que não é fácil a vida de guarda municipal, isso eu já sabia, afinal são 18 anos de serviço. Porém desde 2004 quando participei do Congresso de Guardas Municipais, realizado em Rio Claro/SP ocasião em que conheci pessoas que já lutavam por anos e anos e que me motivaram a ingressar nesta luta pelo crescimento, reconhecimento e a valorização das Guardas Municipais. Foi a partir deste momento que comecei a testemunhar a realidade de quem se dispõe a “botar a cara” e entrar de frente nesta luta. Durante esses anos vi vários amigos sendo punidos, perseguidos e massacrados por seus comandantes, que em alguns casos são guardas municipais como nós, mas que por medo de perderem os cargos que ocupam (sem qualquer qualificação) por compromissos de campanha, amizade ou por seguirem a mesmo doutrina religiosa do Prefeito, se sujeitam a praticar essas covardias contra os próprios colegas. Porém as punições aplicadas com intuito de vingança, de desanimar ou até mesmo de fazer com que esses companheiros desistam e abandonem a luta, na verdade só os encorajam e os estimulam cada vez mais a seguir na luta e alem disso servem como termômetro para medir o quanto incomodamos aqueles que põe seus interesse a pessoais a frente dos interesses da sua corporação e das Guardas Municipais num todo. Outra tática utilizada é o oferecimento de cargos e gratificações na tentativa de fazer com que os outros guardas acreditem que esses guerreiros só querem levar vantagens e por isso estão nessa movimento. Nada disso adianta, pois o maior orgulho de quem participa dessa luta é justamente não se render e muito menos se vender para aqueles que estão no poder e tentam a todo custo manter suas posições. Enquanto nossos esforços em nos deslocarmos de nossas cidades pagando do próprio bolso as despesas com passagens, alimentação e hospedagem, para participarmos e fortalecermos a luta são reconhecidos e até homenageados por pessoa que estão à frente de instituições de nível nacional em nossas corporações a situação é exatamente ao contrario. A primeira coisa que perde o crédito perante o Comando da guarda e da Prefeitura é a palavra dos guardas que estão à frente desse movimento e a partir de então a palavra de qualquer um louco, mentiroso ou mesmo a de um falsário, vale mais que a sua, mesmo que sua ficha funcional não contenha nenhuma advertência sequer, toda sua dedicação e tudo mais que ele tenha feito em prol da corporação é esquecido. Uma coisa que é muito interessante é o fato de que os projetos que são apresentados por esses guardas aos Comandantes e ao Chefe do Executivo, construídos muitas vezes através de conhecimentos adquiridos em eventos como congressos, simpósios, encontros e outros, acabam engavetados, mas depois de algum tempo alguém ligado ao Comando ou o próprio Comandante, tem uma idéia genial e elabora um projeto que, estranhamente, é muito parecido com o seu e esse projeto é posto em pratica rapidamente para que ninguém se lembre do que havia sido apresentado anteriormente. Por mais que este movimento busque, pura e simplesmente o crescimento das Guardas Municipais, todos os que dele participam são tidos por seus comandantes e por seus Prefeitos como alguém que está contra eles e suas administração. Diante deste quadro chegamos a conclusão que o crescimento do movimento e a politização dos Guardas Municipais é motivo de grande preocupação para nossos caudilhos que se sentem ameaçados, pois já percebem o risco de terem guardas Municipais ocupando cadeiras no legislativo e cobrando melhorias para as guardas municipais.Para finalizar vamos nos lembrar de Nelson Mandela, que mesmo sofrendo torturas e permanecendo preso por muitos anos, não desistiu da luta e no final triunfou, chegando à presidência de seu país através do reconhecimento do povo.