GUARDA MUNICIPAL ASSOCIE-SE

GUARDA MUNICIPAL ASSOCIE-SE
CLIQUE E ACESSE A FICHA DE INSCRIÇÃO

Seguidores

quarta-feira, 15 de maio de 2013

PMs presos em Goianira são suspeitos de cometer crimes a 13 anos


Os policiais militares de Goianira presos na quinta-feira na Operação Resgate cometeram crimes ao longo de 13 a 15 anos, segundo depoimentos colhidos e investigações promovidas pela Polícia Civil, informou ontem o delegado-chefe do Grupo Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gerco), Alexandre Pinto Lourenço. Eles são suspeitos de homicídios, tráfico de drogas, extorsão e desaparecimento de pessoas na região de Goianira, Caturaí, Brazabrantes e Inhumas.

Até agora, 15 mortes e desaparecimentos já são objeto de inquéritos policiais com indício de envolvimento dos militares. Na sangrenta lista de vítimas, pode estar o jovem Israel Tavares, de 21 anos, morto em 2010, em sua casa, na periferia de Goianira, por três homens encapuzados. Foi enterrado com o corpo marcado por tiros, um deles no rosto. “Minha vida acabou. Só sinto medo. Arrebentaram o meu menino e meteram bala nele”, disse Ivone Tavares, mãe do jovem. Também pode estar na relação de vítimas o jovem Elias José da Silva, de 18, espancado e baleado perto de sua casa, em outro bairro do município, na região metropolitana de Goiânia.

Dezessete policiais foram presos temporariamente na semana passada, mas três já foram liberados. Um dos policiais conseguiu a liberdade depois de pagar fiança e os outros dois foram soltos por não prestarem serviços em Goianira, segundo o corregedor-geral da Polícia Militar, coronel Lourival Camargo.

O número de crimes cometidos na região pode, no entanto, ser muito maior. Há notícias, ainda não confirmadas, de outros desaparecimentos e o depoimento de uma testemunha aponta que um militar da região se vangloriava por ter cometido 56 homicídios, revelou o delegado Alexandre Lourenço, o que não foi comprovado. No caso dos 15 assassinatos e desaparecimentos de pessoas, no entanto, a polícia diz que já há várias provas e que a investigação está adiantada.

O delegado Alexandre revelou que a quadrilha de militares é suspeita de explorar a venda de drogas, cobrança de propinas e assassinato de quem os devia, oferecia risco de concorrência ou ameaçava denunciá-los. “Muitos assassinatos foram noticiados pela imprensa nesse período. Geralmente eram usadas máscaras e a dupla agia em uma motocicleta. Era a chamada moto-fantasma”, contou. Uma das motocicletas usadas pelo bando foi apresentada ontem ao Gerco.

CEMITÉRIO CLANDESTINO

Diversas informações têm chegado à Polícia Civil, dando conta da existência de cemitérios clandestinos onde teriam sido enterrados corpos de vítimas de extermínio. As denúncias apontam as proximidades de Goianira e pontos que margeiam o Rio Meia Ponte. Segundo o delegado Alexandre, ainda não há consistência nas informações, mas elas serão investigadas. Foi pedido reforço para as escavações e o delegado-geral, João Carlos Gorski, disse que toda a ajuda necessária será providenciada para garantir o êxito das investigações.

Mesmo depois da prisão dos militares, testemunhas continuam recebendo ameaças. Segundo o corregedor-geral da PM, 16 pessoas estão atualmente resguardadas pelo Programa Estadual de Proteção à Testemunha, algumas de Goianira, que presenciaram ou têm informações importantes sobre os crimes. Dos 17 presos, 13 atuavam no Pelotão de Goianira – 8 trabalhavam na própria cidade, 3 em Caturaí e 2 em Brazabrantes.

O corregedor-geral da PM, coronel Camargo, disse que durante o fim de semana recebeu informação da Polícia Civil de que testemunhas estariam sendo ameaçadas, e sob o risco de terem suas casas invadidas. Ele afirma que apurou, mas não confirmou a informação. “Recolhi os militares que estavam de plantão na cidade. Não existe sequer uma ocorrência registrada disso”, ponderou. O coronel Camargo lembra que dos 18 militares da ativa, aproximadamente 5 tinham procedimentos administrativos. Segundo ele, alguns respondiam a Inquérito Policial Militar (IPM) por suspeita de homicídio durante atendimento a uma ocorrência (possível confronto).

O corregedor da PM criticou a prisão dos militares, argumentando que nos pedidos de prisão temporária não há a individualização da culpa de cada um para solicitação da cautelar. “Em todos, o argumento é de envolvimento em homicídio, extorsão, formação de quadrilha e tráfico. Torço para a Polícia Civil formatar provas contra todos, provas consistentes o suficiente para que possamos tirar os bandidos da corporação, se for o caso.”

Apesar do elevado número de homicídios na região, os casos vinham sendo subnotificados e não eram comunicados às instâncias superiores, como a Diretoria-Geral da Polícia Civil e Secretaria de Segurança Pública e Justiça. Por este motivo, o delegado e o escrivão da cidade foram afastados de suas funções durante a operação na semana passada e respondem administrativamente, na Corregedoria da Polícia Civil, pela omissão nas investigações.

A cidade está tomada por medo. Muitos moradores reclamam, inclusive, da postura do delegado Ralph de Melo Gonzaga, afastado do município após a operação. Alegam que muitos policiais militares se recusavam a registrar diversas ocorrências, alegando que o então titular da delegacia local nem iria registrar boletim de ocorrência, para apurar casos de roubo, tráfico de drogas e agressões.

Números

Veja informações sobre a investigação em Goianira

15 assassinatos e desaparecimentos são objetos de inquéritos da Polícia Civil
19 militares foram presos temporariamente suspeitos de crimes de homicídio, extorsão, formação de quadrilha e tráfico
3 militares foram liberados ontem
grupo de extermínio agia entre 13 anos e 15 anos na região de Goianira, Caturaí, Brazabrantes e Inhumas

Fonte:Radio Rio Vermelho
Google Analytics Alternative